quinta-feira, 17 de junho de 2010

A regra da Festa

Decidido ele compra as passagens, já não era mais possível viver com os pés frios, pelo menos não o inverno todo, de qualquer forma precisava ver mais pessoas que fazem academia, e São Paulo você sabe, o povo vivi aquele frenético tititi de pró-ativo-minha-vida-movimentada-poluída-e-caótica-é-ótima. Encarou com bom humor a atitude esnobe de um garotinho qualquer - jamais confie em quem tem tatuagem do Pequeno Príncipe - é como ignorar a regra da festa: quem chega primeiro cumprimenta. Depois disso e de aturar todos seus clientes odiosos, e de espichar as pernas e ir comer algo, ainda se despreendia da auto-crítica básica pós final de dia- o-quanto-será-que evolui-hoje-ai-meu-deus-e-se-minha-vida-não-mudar-e continuar sempre a mesma e no final eu não chegar é a lugar nenhum o-que-vai-ser-de-mim - então repassa mentalmente todos seus bem sucedidos momentos, que ora, vejam só nem são tão poucos assim, e lembrava-se de cantar no casamento da irmã não sem sentir uma espécie de vitória secreta e muda - porque mesmo que a seus olhos sua vida ainda não estivesse em grande estilo, isso eram só seus olhos e seus segredos, coisas que aqueles olhares escavadores de familiares jamais poderiam entender na agudeza real. Também não tinha mais paciência pra se importar com pitis virtuais: a vida era o que era e no final do dia o que vale mesmo, mon cher, é encher o mês com o salário, e dar algumas risadas e desfrutar de alguma classe frugal, classe essa, tinha certeza não nascia de repente sem ser exercitada, e era por isso mesmo que iria a São Paulo: fadiga.

2 comentários:

  1. Experiência que me falta, hifenizada por falta de fôlego. Sempre morei em cidades calmas... Ainda que, definitiva e taxativamente, eu não corresponda ao background.
    Obrigado pela visita ao Conversas Cartomânticas, será sempre bem-vinda por lá; sempre.

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